Escrito por: Leo Nunes
A década de 80 registrou grandes tragédias nos rios da Amazônia. Em janeiro de 1981, o barco “Novo Amapá” partiu do Amapá, com destino a Monte Dourado, no Pará, afundou município do mesmo estado. A embarcação tinha a capacidade de levar 150 passageiros, mas carregava mais de 600 pessoas. Seis horas depois do embarque, o navio naufragou no rio Cajari, próximo de Almeirim, no oeste do Pará. Muitos passageiros ficaram presos em meio às mercadorias. Dezenas de caixões tiveram que ser encomendados às pressas. Muitos corpos chegaram a ser enterrados em valas coletivas. Mais de quatro décadas depois, ninguém recebeu indenização e nem foi responsabilizado.
Em setembro de 1981 outra grande tragédia foi registrada nos rios da Amazônia. O barco “Sobral Santos” saiu de Santarém rumo a Manaus, com cerca de 500 passageiros e 200 toneladas de carga. Nove horas depois de iniciar a viagem, o barco chegou ao município de Óbidos. No desembarque, uma das cordas que prendiam a embarcação arrebentou e ele começou a inclinar. Os tripulantes começaram a entrar em pânico. Desesperados, correram em direção à saída, desestabilizando o peso da embarcação. A carga presa na extremidade oposta soltou e rolou em direção aos passageiros. Quem estava dormindo não teve tempo de entender o que estava acontecendo. Desorientados, feridos ou machucados, passageiros se jogavam nas águas do rio Amazonas. Mais de 300 passageiros morreram. Cerca de 200 foram enterradas no cemitério de Óbidos em valas improvisadas pela prefeitura. Ainda na década de oitenta, outra grande tragédia.
Em julho de 1988, o barco “Correio do Arari” transportava o dobro da capacidade. A embarcação saiu de Belém em direção ao município de Cachoeira do Arari. Nos porões, um grande volume de carga. Após naufragar, as embarcações que passavam próximo ao local paravam para ajudar as vítimas. No porto de Belém, muita gente à espera de notícias. Testemunhas afirmaram que o comandante foi avisado do perigo através de sinais luminosos por barcos que navegavam na região da ilha das onças. Porém, ele teria continuado até bater em carcaças de navios. A Justiça determinou o pagamento de indenização às famílias de apenas duas vítimas. Neste acidente, mais de 50 pessoas morreram.