No dia 13 de agosto de 1987, o Edifício Raimundo Farias, ainda em construção próximo à Av. Visconde de Souza Franco, no bairro do Umarizal, em Belém, desabou matando 39 pessoas. A TV Liberal foi a primeira emissora de TV a chegar ao local e deu um plantão informando sobre o desabamento. Silviane Neno, então repórter da TV Liberal, em entrevista em 2021, disse que chegou assim que aconteceu a tragédia e relembra: “O desabamento do edifício Raimundo Farias talvez tenha sido o momento de maior tensão de toda a minha vida como jornalista. Primeiro, porque eu era uma iniciante e, segundo, pelo tamanho daquela tragédia. Lembro de caminhar sobre os escombros e ainda escutar as vozes de sobreviventes pedindo ajuda”.
Emanuel Villaça, repórter de Rede da TV Liberal, produziu reportagens para o “Jornal Hoje”, “Jornal Nacional” e “Fantástico”. Por conta da grande quantidade de corpos no local e da poeira, o trabalho ficou difícil e as equipes precisaram usar máscaras. Villaça usava, inclusive, nas passagens de vídeo. Foram vários dias de resgate e as equipes da emissora se desdobraram para cobrir. Em uma das reportagens para a TV Globo, Emanuel Villaça mostrou o desespero de um operário que estava vivo soterrado até o pescoço. O jornalista ouviu o homem enquanto bombeiros tentavam resgatá-lo, enquanto ele chorava pedindo ajuda. O homem foi retirado do local, mas morreu a caminho do hospital.
DEPOIMENTO – O jornalista Emanuel Villaça se emociona ao falar da cobertura da queda do edifício Raimundo Farias, em agosto de 1987.
Em entrevista ao Memória TV Liberal, Ismar Antônio disse que os bombeiros não tinham equipamentos necessários para trabalhar no resgate. Durante a noite, a iluminação era baixa. O repórter cinematográfico mandou buscar dois grandes refletores, na TV Liberal, que ajudaram no trabalho dos bombeiros.
Os telejornais da TV Liberal também acompanharam a dor e a angústia dos familiares que esperavam por notícias de parentes. No “Fantástico”, Sérgio Chapelin disse: “A capital do Pará ainda está abalada com a tragédia, com o lento trabalho de resgate dos corpos e com o drama das 17 pessoas que foram retiradas com vida dos escombros”.
Em uma passagem de vídeo no local, a jornalista Lúcia Leão disse: “A tragédia do Edifício Raimundo Farias é retrato da insensatez e da sede de lucro. O desabamento era uma coisa previsível, mas os responsáveis pela obra preferiram ver para crer”.