Escrito por: Leo Nunes
Em janeiro de 1989, a população de São Miguel do Guamá, no nordeste do Pará, entendeu que a Polícia não estava empenhada para investigar a morte de duas crianças que foram estupradas.
Um inquérito policial chegou a ser aberto, mas não foi concluído porque não havia delegado e investigador na cidade para apurar o crime. Isso deixou a população indignada. Como a investigação não foi continuada, o suspeito de ter estuprado e matado duas crianças foi solto e isso revoltou os moradores. Prédios na cidade foram destruídos, incluindo a delegacia, as casas da juíza, do comissário de polícia e o fórum.
Várias autoridades deixaram a cidade, ficando apenas o prefeito Getúlio Batista e o major da Polícia Militar Magela, que comandava cerca de 50 policiais para garantir a segurança mínima na cidade. O prefeito tentou entrar em contato com o governador do estado Hélio Gueiros para pedir mais reforço, só que não conseguiu.
O último lugar que o povo escolheu para quebrar foi a casa do comissário de polícia da cidade Raimundo Rocha. Eles só não tocaram fogo nesta casa a pedido do vizinho do imóvel. A Polícia Militar prendeu cinco pessoas responsáveis pela organização de uma passeata de protesto pelos crimes em São Miguel. Eles foram prestar depoimento no fórum destruído. A população aguardou do lado de fora o fim do depoimento dos detidos, prometendo mais quebradeira caso eles fossem presos ou transferidos para Belém.